Faz
um frio que convida a estar dentro de casa, remexendo memórias
guardadas mas não esquecidas
É
mexendo em gavetas e caixas antigas que nos vem às mãos recordações
de uma vida vivida umas vezes difícil outras nem tanto.
São
tantas as lembranças que boas ou más gosto de as recordar.
Remexendo
papeis guardados encontrei duas folhas de agenda escritas pela minha
filha com a idade de 8 anos.
Ainda
uma pequenita mas sempre com uma vontade enorme de tudo aprender, e
neste caso era sentada na banca enquanto cozinhava as refeições.
Um
dia não se sentou na banca mas encostou-se de caneta na mão fazendo
mil perguntas e olhando o que fazia foi escrevendo, uma duas folhas e
mais.
Perguntei
depois o que estava escrevendo e mostrou-me, achei uma graça imensa
e deixei que ela continuasse a escrever a sua curiosidade ou seja o
que ia vendo.
Fui deixando que ela participasse mais activamente na cozinha, como
quando fazia rissóis, que ela passava por ovo e meu filho pelo pão
ralado.
Assim
os tinha ali perto de mim sem andar na rua sabe Deus a fazer o quê.
No
Inverno de lareira acesa espetavam maçãs num espeto de ferro que
meu pai havia feito para os churrascos. Colocavam junto as brasas e
assavam,maçãs
que
seria o seu lanche.
Assim
envolviam-se entre os TCP e a vida quotidiana da casa, o que lhes
veio depois ajudar num futuro.
Mas
voltando à minha filha encontrei como já havia dito, as folhinha
que acima divulgo, uma receita da sopa e como fazer um refogado.
Acredito
que a escrita das receitas por ela um dia lhe serviriam de ajuda e
aconteceu.
Eu
e o pai trabalhávamos longe, até chegar a casa já eles tinham
adiantado o jantar, colocavam uma panela ao fogo o que ajudava
no
jantar logo que chegasse.
Já
crescida foi para Barcelona estudar na universidade, um primeiro
afastamento que nós mães a separação nos turva o pensamento, e
portou-se muito bem .
Estava
num apartamento com mais
duas colegas.
Nunca
ficou sem comer, aplicou todos os conhecimentos fazendo-se uma dona
de casa fantástica.
Fizeram
vários amigos de outros países, e algumas vezes batiam à porta de
saco na mão com frango ou outra coisa qualquer pedido que ela o
fizesse no forno. Uma convivência saudável, umas amizades que
ficaram para toda a vida.
Nada
disto teria acontecido se não a tivesse tido junto a mim
ensinando-lhe o muito que hoje sabe.
Uma
menina que soube entrar na vida sabendo tudo que pertence a uma
mulher fazer em casa, até costurar.
Apesar
de muitas revés na minha vida, o meu núcleo familiar nunca foi
descurado.
Hoje
tenho uma ligação fantástica com os meus filhos apesar de já
terem as suas vidas independente.
Um
amor incondicional. Obrigada meu Deus.