Foi
há uns anos, a 6 de Dezembro, gorda e inchada, meti-me num avião
alugado em direção a Salisbury, ex Rhodesia onde tinha marcada uma
cesariana para o dia 10 Dezembro , mesmo dia que o meu mais velho
havia nascido em 1970.
Viagem
fantástica, piloto simpático, chegada ao destino, prioritariamente
dar a volta ás lojas todas da cidade, ver as novidades, a moda que
chegava primeiro ali só depois a Tete, uma corrida cansativa mas
estava feliz, no fim do dia a consulta com o médico que me havia de
operar,
Dr.
Lamprech excelente médico, observou-me e confirmou a data da
operação para dia 10 como sempre combinado.
Fiquei
em casa de amigos, jantamos, conversamos e fui deitar-me, fazendo
planos para o dia seguinte, pois não tivera tempo de visitar tudo
que queria.
Noite
fora após o primeiro sono foram voltas e mais voltas com umas dores
estranhas pois nunca pensei que fosse nascer o bebé.
Chamo
por ajuda , ao que me respondem:
-Dorme
que isso passa, foi de tanto andar.
Levantei-me
e fui para a sala, as dores aumentavam enquanto fazia contas dos dias
que faltavam para o acontecimento.
Não
deu mais, fui ao quarto e disse o que se passava e com a determinação
de que se não me levassem à maternidade chamava um táxi e ia
sozinha.
Não
sei quanto tempo demorou todos acordar apenas sei que num instante
estava a porta da maternidade, onde logo fiquei .
A
enfermeira telefona ao médico informando que eu dera entrada, e ele
não acreditou pois horas antes havia estado comigo.
A
apressadinha da menina não quis esperar e bateu à porta antes da
hora marcada, sem ninguém contar e pela manhã já se ouvia o seu
vozeirão pelos corredores e em todo lado.
It´s
a girl! It´s a girl!
Diziam
elas a toda a gente.
Sinceramente
não estava muito acordada pois a anestesia da operação fazia-me um
sono enorme.
Quando
à tarde me puseram aquele embrulhinho nos braços, para a primeira
“refeição” foi como se me dessem o melhor e maior presente do
mundo.
Pequenita,
refilona, com imenso cabelo, esperta, de olhinhos escuros, olhando
para todo o lado como se quisesse descobrir o mundo.
.
Foi
há uns anos, mas ou meus braços cresceram ou ela não cresceu,
porque continua aninhar-se no meu colo, como quando nasceu, e eu
enche-la de beijos
.
Ninguém
sabe o que sente uma mãe com os braços cheios dos filhos aninhados
como se fossem sempre pequenitos.
A
vida corre e como os passarinhos, voaram, esvaziaram os espaço que
sempre ocuparam nos meus braços, para dar o lugar aos netos.
Mas
para a minha menina continua em aberto o lugar onde se enrola e me
abraça sempre que vem a casa.
Hoje
o dia é teu, e a vaidade é minha, por seres quem és, linda,
lutadora, e muito amada.
Parabéns
minha menina, minha lutadora desta vida que construíste sozinha,com
coragem e sempre feliz.