Passando os
olhos pela net encontrei esta foto que de imediato me transportou a outras
terras outras vidas outros tempos.
Sim, desde
pequenita que brincando na rua era atraída pelo cheiro do peixe seco torrado na
brasa onde anteriormente, pousara em três pedras a panela negra do fumo fervia realçada
pelo branco da farinha de milho que lançava
suspiros de fervura.
E juntavam-se
a princípio da tarde, em redor do prato de lata onde as colheradas da “Xima”
arrefecia acompanhada do peixe assado outras vezes do feijão que fervera horas
a fio apurando a gosto .
Fugia aos
olhos de minha mãe para junto dos criados, olhava o deleite deles sentados numa
pedra amassando a farinha na mão fazendo bolas que degustavam calmamente entre
uma trincadela e outra.
Pois minha mãe
não queria que ali estivesse a olhar interrompendo a refeição merecida do
pessoal e muito séria com ar zangado chamava pelo meu nome pela última vez.
Era a ordem a
ser cumprida mas ficavam os olhos naquele prato como se de um pitéu se tratasse
e não me deixavam provar.
Zeca o nosso
empregado mais sensível, tirou-se de medos e pede a senhora que o deixasse
cozinhar a comida deles para as meninas, e na primeira feijoada que se cozinhou
acompanhada do alvo arroz, ao lado orgulhosamente estava um prato de “xima”.
Foi uma
alegria, de mãos esticadas apertando a farinha entre os dedos imitando o que havíamos
visto fazer e molhando no rico molho do feijão.
Uma bagunça e
a toalha toda pingada e suja tal era a bodeguice que fizemos, mas nossos olhos
brilhavam de gozo porque já tínhamos provado o pitéu tantas vezes cobiçado.
Passaram os
anos e na nossa mesa ainda hoje é presença assídua a xima quando há caril ou
feijoada, mais que não seja por um recordação dos bons tempos passados e do
gozo que dá comer como o nosso povo comia.
*Xima- farinha
de milho cozida em agua e sal.