Novamente de coração em ritmo cardíaco elevado, tomei lugar no
cadeirão da sala para assistir a segunda parte de uma reportagem sobre
Moçambique que prometia.
Uma expectativa quase dolorosa para quem partiu há tantos anos
trazendo na bagagem um amor incondicional aquele país transformado numa
saudades imensa.
Num país onde se tropeça em histórias de vida de tantos portugueses
que ali viveram e tiveram que “obrigatoriamente” deixar para trás, tanto havia
que mostrar.
E com milhares de olhos postos no ecrã esperávamos ver locais e
cidades onde decorreram essas vidas passadas que jamais serão esquecidas.
Viajar um pouco por terras e cidades esperando ver num
relance que fosse locais de saudades de tantos portugueses.
Mas não apenas passaram imagens dessa terra acompanhada
e uma linda marrabenta focando principalmente na exibição de hotéis de luxo e
pouco mais.
Uma entrevista aqui ou ali de gente que se vê estar ali porque o
emprego é aliciante e nada mais.
Saltar de cidade em cidade mostrando quase nada.
Passar por Pemba e mostrar apenas a baía, Nacala apenas o porto marítimo,
Beira nem constou Maputo de longe, Tete e Moatize uma província riquíssima em minério
sem mostrar um pouco das cidades, apenas ao longe a extracção de carvão ao ar
livre e focar Cahora Bassa que diariamente aparece bastas vezes na comunicação social.
Valha ao menos as imagens da vila .
Diria que foi mais uma divulgação dos negócios e investimentos do próprio
país.
A mensagem da primeira parte, era a de que os portugueses eram bem
vindos a Moçambique e se haviam integrado facilmente.
Nesta reportagem deu a nítida impressão de que os Portugueses eram
traicoeiros e racistas.
E não é verdade, somos “retornados” unidos e vamos tendo noticias e
contactos com essa maravilha de País, que nos diz continuar a ser gente de
sorriso e braços aberto, como sempre foram.
Uma reportagem pouco cuidada, que prometia mais e esperávamos mais.
E é pena porque de Angola viu-se o desenvolvimento das cidades o “modus
vivedi” de todos, residentes locais e novos emigrantes.
Uma reportagem cuidada daquele país,
por terra, não de avião e com muita disponibilidade e imagens.