AFRICA- Acordo
recomposta de uma noite agitada como foi o baile do Sporting, não me recordo a
que propósito mas, foi animada como aliás sempre eram.
As 7 horas já o sol
aquecia o que convidava á moleza e a um caminhar muito lento até a mesa do matabicho,
onde me esperava um suculento bife com batatas fritas, ovo a cavalo, e meia
papaia arranjada e açucarada.
Vagarosamente devorava
tudo enquanto como olhar perdido na rua olhando nada e ninguém, deixando que o
tempo passasse.
Tomo um duche rápido,
e saio no Datsun que meu pai havia comprado havia pouco tempo na Megaza.
Passo pela avenida,
pela rua do Gouveia da Rocha, Farmácia Tete, desço á Cotur para a rua do Rego passando
pelo Karamchand, Finanças, e viro á rua do Governo Civil.
Não se passa nada Tete
parece que dorme talvez por ser domingo apenas alguns muanas sentados aqui e
ali e poucos carros.
No café Zambeze uns
quantos senhores tomam o café como sempre fazem diariamente.
Á Pendary Sousa e sigo
a esquerda, ao fundo á porta do Sporting ainda com vestígios da noite anterior confettis
e serpentinas, espelhados pelo chão.
Mais adiante já o movimento
se nota á porta da igreja onde decorre a missa dominical.
Não vou, não é meu hábito
e o calor continua apertar, viro á “mãe de Agua” e paro junto ao jardim do rio.
As acácias e o relvado
convidam a parar e apanhar o fresco.
Oiço na radio as
musicas da época, Roberto Carlos, Nelson Ned etc. no rio pequenas embarcações
de pescadores regressam a terra, pela ponte o movimento é normal.
As horas passam o
calor aperta, ligo o carro e procuro refugio no ar condicionado de casa.
Vou seringando por ali
até á hora do almoço.
Um belo pende grelhado
acompanhado de uma fresca Coca-Cola, terminando numa qualquer sobremesa fresca
completam a refeição.
A sesta após o almoço
era sagrada pelo menos até a hora da matiné.
Já havia reservado os
bilhetes pela manhã, com o Luis Ferreira que estava na bilheteira ao serviço
antes do filme indiano que começara as 10h00.
Não importava o filme
que seria, era um hábito arreigado o da matiné ao domingo dava para encontrar
os amigos antes e depois da seção, bem ali ao lado no café Dominó.
E perdurava até ao último
minuto do início do filme e á saída ficava-se pelas escadas “lavando as vistas”
de tanta gente linda ou sentados na esplanada em frente a um prato de amendoins
ou tremoços com uma bebida gelada, “partindo cascalho” como diria um bom amigo
.
Completava o dia o bem-estar
e a boa disposição de todos, regressava-se a casa e jantava-se, findo este era
nos bancos da frente do jardim que por ali ficávamos conversando até altas
horas ou até que os mosquitos deixassem.
Deitávamo-nos cedo mas
felizes, outro dia viria num “Ram Ram” que nunca cansou.