Há
poucos dias foi o dia de todos os Santos depois dos fieis defuntos,
aquele dia que há quem visite seus familiares e amigos que partiram
enfeitando a ultima morada dos mesmos, e aqueles que lá vão apenas
para se juntarem e conversarem alto e bom som como se estivessem num
clube.
É
a educação 25 de Abril, que deixaram de respeitar um lugar santo
onde se interioriza toda uma vida passada e se reza para que estejam
junto ao Senhor nosso Deus.
Mas
não é sobre isto que queria falar apesar de estar interligado.
Neste
dia depois de colocar as flores novas e viçosas, e arranjar a campa
do meu saudoso pai, alem de lhe rezar as orações usuais, sentei-me
a um canto da campa a conversar com ele, como se de uma visita se
tornasse.
Sei
que falo para uma pedra mas no meu intimo olho a sua foto e tenho a
certeza que me ouve.
É
nestes momentos que mais estou ligada a ele, como se não tivesse
partido, recordando a vida passada e presente.
Afinal
eu era a menina dele que me acarinhava quando fugia do chinelo de
minha mãe, que passou a viver comigo anos a fio, até que já não
podendo andar lhe fazia a barba e cortava o cabelo.
Ficava
lindo, mesmo que no seu rosto apenas se visse um ténue sorriso que
sempre me levou a pensar que eram saudades do passado. Era uma
tristeza que o consumia, e isso via-se sempre que olhava para uma
foto antiga.
Nasceu
no Rio de Janeiro, cedo ficou sem mãe, um dia prometo contar esta
historia de vida.
Talvez
por isso nos ensinou o que era a “família” .
De
minha parte ai de quem toque nela, como diria o brasileiro, viro
bicho.
Mas
nessa conversa deste dia recordei tempos idos , e noutras coisas, que
trazia atravessada na garganta e outras que muita alegria me deram .
Há
dias alguém escreveu que meu pai havia sido mecânico da câmara.
Vejam
lá o que se diz quando se não sabe.
Meu
pai foi o pai que nunca nos deixou faltar nada, nem colégios para
estudarmos nem nada deste mundo, preciso fazer justiça, até porque
ser mecânico não é desprestigiante, pois foi a profissão que lhe
ensinaram em miúdo para se safar na vida.
Mas
os anos passaram, e muitos.
E
pareceu-me ouvir um sibilar dizendo que não ligasse a essas coisas.
Mas
não, seguindo os seus ensinamentos, informo que sempre o conheci,
como um industrial com uma oficina mesmo na rua principal onde
empregavas 5 pessoas que efetivamente arranjavam os carros.
Mas
não me esqueci também que tinhas o seu escritório onde trabalhavam
3 pessoas entre elas o avô da Luísa Menezes, um excelente
contabilista.
Foi
representante das companhias de transportes entre o Malawi e a
Rhodesia, bem como os autocarros que transportavam pessoas etc.
Cahora
Bassa foi nos escritórios que se iniciaram as primeiras obras.
Na
Câmara foi sim, vereador que olhava pelo pessoal que estava
destribuido pela cidade, como por exemplo o fiscal dos terrenos, que
obrigavam a ter os quintais limpos etc, e que todos respeitavam e
comprovo pelas fotografias abaixo.
Já
partiste meu pai mas acredito que estás sempre junto a mim, e jamais
deixo que falem da tua vida sem a conhecer.
Foi
uma hora de conversa sobre coisas boas e menos boas, e despedi-me com
muita saudade.
Até
um dia que nos juntemos algures por ai nessa viagem que todos farão.
Acendi
as velas, mais uma vez compus as flores e despedi-me com um padre
nosso e com um beijo na sua foto como sempre fiz.
Descansa
em paz, cá estarei para repor a VERDADE das nossas vidas, porque
foste UM GRANDE HOMEM..