A família reunida
em redor da mesa vão petiscando pedaços de presunto e queijo enquanto na
cozinha a azáfama continua a ultimar o almoço.
Ouve-se o
barulho das conversas misturadas com o riso das crianças que correm no jardim.
Entre um tacho
e outro ela pensa em como é feliz ter a alegria da família junto dela e como
vale a pena a vida assim.
Uma vida de
trabalhos, mudanças, muitas vezes de lagrimas e tristezas, outras destas
alegrias. Nunca a família se separou, de mão dada e mangas arregaçadas foram
vencendo as agruras da vida.
Ao domingo la
estavam todos para o almoço, tinha que ser em casa saboreando a comida caseira o
doce da sobremesa que nunca faltava, varando a tarde esticados numa cadeira
sentados ao fresco debaixo da parreira jogando conversa fora numa paz interior
e amizade entre todos.
Naquele domingo
já o cheiro emanado do tabuleiro de carne assada invadia o ar enquanto minuciosamente
a iam fatiando e colocando na travessa.
O molho, não
se junta ou sim que fica melhor e a conversa na cozinha ia fluindo e decide-se
por utilizar uma molheira, assim cada um se servia como quisesse.
A matriarca
que apesar da sua muita idade ali dava uma mão na ajuda lembrou-se que la dentro
no armário da sala arrumada há muito estava uma molheira que havia anos não
servia.
Orgulhosamente
foi busca-la, uma peça do serviços de jantar que lhe havia oferecido no
casamento havia setenta anos.
Sim ainda
existia, bem como duas travessas que também haviam resistido ao passar dos anos
e dos trambolhões das mudanças passados tanto tempo.
Um orgulho uma
peça simples da vista alegre, desenho simples mas mimoso, que ninguém queria
usar considerando uma peça histórica, não fosse ela partir.
Mas foi para a
mesa, colocada mesmo no centro, elegante e simples apreciada por todos dando
mote aquelas conversas que sempre começavam no “Naquele tempo” e desencadeava
todas as recordações e historias desde o início até aquele dia.
Ficou-se a
saber, sem querer mais um pedaço da história duma vida que vale a pena sempre
recordar.