Era
um galã em 1942, aliás os galãs quase todos são desse tempo que se
vestiam bem usavam o seu fato branco, cabelo impecável com a
brilhantina ou chapéu na cabeça.
Ao
domingo desfilavam entre o mulherio de vestido rodado, armado com um
saiote próprio por debaixo deles, salto alto e algumas também de
chapéu, não fosse aquele sol africano queimar-lhes o rosto.
Elas
que ficava estéricas, ao vê-los passar colocando a malinha de mão à
frente da boca lá saía o cochicho chamando atenção à amiga ou
gabando tão elegantes figuras enquanto baixava os olhos como que
resguardando-se das más línguas .
E
eles todos vaidosos juntavam-se em grupinhos tentando no meio da
confusão conseguir chegar à conversa com elas.
O
mesmo acontecia nos bailes que tinham que pedir licença aos pais
para com elas dançarem, e após consentimento puxavam do lenço
imaculado e cheiroso,colocavam em sua mão onde iria pousar a de
menina. Talvez por uma questão respeito ou para preservar da
transpiração. No fim da dança levavam-nas à mesa e numa vénia retiravam-se.
E
toda esta divagação apenas porque olho para a foto de meu pai desse
tempo e a imaginação leva-me a escrever.
No fundo do tal Baú imaginário, encontrei a boquilha que ele usava quando fumava.
É
de prata e ponta de marfim.
Lembro-me quando ele a abria e enrolava o filtro em volta
de um perno que depois entrava na boquilha onde ficava retido toda a
nicotina do cigarro. Usava-a sempre enquanto fumou.
AÍ
vinha também o estilo, como segurar o cigarro, após tirara-lo da
cigarreira, a maneira de lançar o fumo que dele extraia até mesmo a
classe com que acendia com ao isqueiros a gasolina prateado e de
torcida.
Era
todo um conjunto que marcava a categoria do cavalheiro.
Aqui está a foto, na pose de fumante, e a outra de frente de
chapéu alinhado e lacinho.
É
a foto de um verdadeiro cavalheiro da época e que continuou a se-lo
até que subiu aos céus.
Este galã, era meu pai, e como adoro estas fotos e o homem que sempre foi.