Como cantava
Rita Lee:-
No escurinho
do cinema
Chupando drops
de anis
Longe de
qualquer problema
Perto de um
final feliz
Não havia
drops de anis, mas existia tudo o resto.
Quem nunca
namorou no escurinho do cinema, agarradinhos de mãos dadas, trocando palavras
doces e promessas de amor.
Namorava-se
sim, e muito pois à época as liberdades eram condicionadas, nem perto nem de longe
comparado aos dias de hoje.
Mas havia
sempre uma maneira de resolver, ora procurando um cantinho mais resguardado dos
olhares curiosos, ora no club de cima ou no jardim do rio junto as escadas ou
por detrás da mãe de Agua.
Eram momentos
inesquecíveis, mas temíveis pois entre um carinho e outro a guarda montada nas
surpresas que pudessem aparecer.
Mas era no
escurinho do cinema onde melhor se namorava, trocavam juras de amor eterno e
até beijinhos e caricias.
Depois veio o
cinema ao ar livre, de nome KUDECA, coisa interessante uma ideia genial para
muitos que se prezavam de o frequentar no calor abafado do fim da noite.
Ecrã gigante e
cadeiras pouco confortáveis, num ambiente “muito claro” iluminado pela lua e
pouco reservado sem privacidade nos bons momentos do “filme”.
Com desculpas
várias, era mais frequentado pelos mais velhos cujo interesse era apenas a
trama cinematográfica e a conversa com os parceiros do lado, ao que a juventude
se desculpava com os barulhos vindos do exterior, talvez algum jacaré cinófilo
vindo do vizinho rio Zambeze.
Não vingou e
foram passando os anos, acabando por ser eliminado da paisagem da cidade por
razões várias e em seu lugar ergueram um esplêndido hotel.
Não se gostava
da obra mas deixou saudades a muitos.
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