Na
verdade há um tempo que pouco ou nada escrevo aqui no meu Blogue,
mas apenas por estar ocupada com afazeres que são prioritários.
Hoje
tenho que aqui escrever como se fosse num velho diário que tanto se
usava no meu tempo, com fechadura e tudo, não fosse algum curioso
ler o que nos ia na alma.
Nestes
tempos modernos é o Blogue, onde não só se alivia o coração como
se partilha com todos as dores e alegrias da vida.
Tudo
isto para dizer que ontem o meu coração ficou triste, ao ponto de
uma lágrima toldar-me a vista.
Como
se diz quem não tem passado não tem futuro, e eu prezo muito de ter
um passado feliz desde menina, como tal ele existe guardado na minha
memoria arrumadinho, mas sempre presente.
Era
eu muito jovem, quando o amor bateu à porta do meu coração e como
todas nós ficamos deslumbradas com esse namoro ´muitas vezes ás
escondidas, de todos por diversas razões .
Era
no jardim debaixo de uma acácia vermelha que nos sentávamos de mão
dadas muitas vezes num silencio que tudo dizia.
Ao
domingo era no escurinho do cinema que às escondidas arranjávamos
maneira de passar o filme de mão dadas, muitas vezes ombros
encostados e olhos perdidos num no outro em completo silencio, assim
ninguém desconfiava.
Como
me recordo dessas matinés onde nem o ar condicionado nos arrefecia.
As
idas ao café Dominó ao fim da tarde sentados frente a frente ,
deixando que a bebida acabasse por ser esquecida.
Tantas
palavras tontas, mas cheias de muito significado que nos punha o
coração do tamanho de uma ervilha.
Passaram
anos e casei com o mesmo malandrote que durante muito tempo foi
cúmplice de tudo.
Assim
a minha vida de casada teve um começo, um local uma historia que
nunca esqueci.
Há
uns anos fui de viagem aquelas terras onde nasci e nunca esqueci,
comigo ia a minha filha já crescida e licenciada.
Mostrei-lhe
o colégio onde tanta saudade deixou na juventude ali vivida e já
com intenção fui ao cine teatro S. Tiago onde a minha historia de
amor começou
Em
frente a ele já de portas entaipado e escadas todas partidas,
aquelas escadas de mármore, como era possível.
Fechei
os olhos por momentos em frente dele e num ápice passei na minha
memoria toda a minha historia ali vivida desde a sua inauguração.
Senti
uma paz interior que me fez aflorar um sorriso de felicidade.
Todo
o filme do passado feliz estava ali ao meu lado, quase via a goma a
espera de tabaco que a tropa lhe dava e a fila para comprar os
bilhetes para a sessão que estava em cartaz ao funcionário do outro
lado do guichet , o amigo Luís.
Acordei
rapidamente com o barulho dos passos de uma velhinha que ia a passar,
quando avancei para ver o Dominó completamente abandonado, e fiquei
com a esperança que um dia alguém o reconstruisse para uso da
juventude tetense uma vez que por interesses económico já haviam
deitado abaixo o Kudeca.
Fui
sabendo sempre noticias daquela terra, até que ontem me enviaram um
vídeo onde todo meu sonho ardia.
Acabou
o S. Tiago o Dominó etc, chegaram-lhe o fogo talvez , ficou tudo em
cinzas.
Senti
uma dor infinita no meu peito, morreu o Cine teatro e o café que
deixou tantas recordações às gentes que amam aquela terra.
Ficou
apenas na minha historia de vida, a as boas recordações.
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