Está
frio, pois está há muito que esperava por ele.
Os
outros anos chega na sua hora, bate à porta e entrando pela
casa dentro sem pedir licença a ninguém metendo-se por tudo que é
canto , frincha etc. vai ficando.
Desce
que cá cheguei que me habituei a ver passar carrinhas e carretas
cheias de lenha para o inverno, isso vem lembrarmos que ele não
tarda esta por cá ou apenas haver pessoas que se precavem
atempadamente.
Sinceramente
começa cá em casa a ladainha:
já
encomendaram a lenha para o Inverno, é que depois vem verde e
molhada.
A
seguir este conselho em Junho,Julho já tinha uma resma enorme de
cavacos arrumados no sitio do costume ou seja na garagem.
Bolas
mas este ano não houve ladainha, e quem se lembrava de mandar vir
lenha num tempo quente de pleno Verão.
Pois
ninguém, apenas alguns que iam dizendo que iríamos pagar esse verão
tão comprido com “língua de sete palmos” expressão muito usada
cá por cima.
E
não é que foi mesmo assim, começa o outono depois o Inverno e
tanto havia dias de calor tórrido, como dias mais frescos.
Mas
quem manda é a natureza, e agora chegou a serio mesmo apesar de em
dias como o de hoje o sol teimar em dar um ar da sua graça, mas tão
fraquinho que serve apenas para termos saudades dele.
Ou
será que vem rir-se dos bons dias que nos aqueceu e agora faz frio?
Na
verdade agora faz mesmo frio, aquele frio que entra devagarzinho e
nos gela até aos ossos, aquele frio que repassa seja que roupa for,
e de noite nem se fala.
Mantinha
de lã nas pernas, xaile pelas costas quase em cima da lareira, tal
qual as velhinhas dos tempos idos, que sentadas num banco iam
esfregando as mãos e perdiam o olhar nas labaredas do fogo tal como
estátuas perdidas no tempo, ou tricotando meias de lã de ovelha que
calcavam por de dentro da tamancas.
Aos
pequenitos enrolavam-nos no xaile bem contra o seu peito para estarem
quentinhos enquanto dormiam.
Na
verdade hoje em dia muito mudou, e já se mexe uma pessoa pela casa
aquecida fazendo mil coisas ou sentadas descansadas enquanto se lê
um livro, ou a tricotar uma camisola para o neto.
Vendo
bem, tirando as condições do frio no inverno, por cá continua-se
lendo ou a fazer o tricote enquanto corre a novela na televisão.
Este
ano optei por ler, coisa que acho que faz muita falta, e por vezes se
esquecem de fazê-lo.
Um
livro que já havia lido há muito tempo, mas já a historia de
desvaneceu e voltei a pegar nele para ler.
Numa
das paginas talvez servindo de marcador nos tempos idos quando o li
pela primeira vez espreita-me uma foto antiga que aqui vou partilhar
com os meus amigos..
Estive
imenso tempo a olhar para ela, recordar velhos tempos , os lugares
onde estava até mesmo a cor das roupas que vestíamos, e nem sei que
a tirou.
Chamei-a
a foto do amor de mãe.
Garanto
que todo o frio passou, até aquele gostinho do calor daqueles tempos de Africa, senti.
Pois
tal como as velhinhas de outrora perdi-me a olhar a foto como se eu
deixasse de existir por estar algures noutro lado.
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