Margarida
minha neta corria ontem atrás de uma borboleta branca que voava no
jardim, apesar de na mãozinha ter uma rede apropriada nunca apanhava
nenhuma.
Vendo-a
correr aos gritinhos quando mais rápido que ela a borboleta se
esquivava veio-me a lembrança meus velhos tempos.
África,
sempre África, também eu adorava ver as borboletas mas apenas isso,
apreciar as suas corres maravilhosa que formavam desenhos fantásticos
nas asa, poisando aqui e ali.
Eram
muitas de todas as cores, um regalo, apreciar a beleza voando
em redor das flores e cruzando-se umas e outras como se se exibissem
só para mim.
Havia
no entanto quem as apanhasse e colocava-as a secar espetadas com um
alfinete numa folha de cartão, matando-as pelo belo prazer de as
coleccionar.
Achava
um crime, por vezes vinham as lágrimas aos olhos sem perceber o
porque deste actos malvados, e fazia barulho correndo pelo jardim
para que aqueles homens de fato branco colonial , capacete na cabeça,
e redes em punho as não apanhassem.
Acontece
que um dia entrei numa sala de jantar e sobre o louceiro, estava um
tabuleiro de madeira, e asas de marfim, decorado primorosamente com
borboletas lindas vistosas coloridas, protegidas por um vidro.
Encostei-me
ao móvel, de braços cruzados sobre meu queixo, olhando perplexa
para aquela obra prima, vistosa, colorida, linda logo à primeira vista.
Nesse
instante na minha cabecinha fez-se um nó pois achavas lindas voando
livremente pelo jardim mas também ali expostas com uma pujança
fantástica me agradava.
Não
tem conta as vezes que entrava e saía daquela sala sem que fosse
apreciar o tabuleiro das borboletas mortas.
Passaram anos,
muitos mesmo e jamais esqueci aquele quadrado de madeira com asas de
marfim, que sempre me maravilhava,até que um dia destes perguntei a
uma herdeira dos bens quando da morte de seus pais, pelo fim dessa
obra prima.
Com
imensa tristeza soube que as borboletas haviam desaparecido e o
tabuleiro largado a um canto das coisas velhas sem interesse.
Fiquei
triste pois durante todos estes anos na minha mente continuavam
esplendorosas enfeitando um qualquer móvel lá de casa, afinal
restava apenas a madeira de vidro já partido largado a um canto,
abandonado , triste e velho.
Chamei
a Margarida e pedi-lhe que corresse sim atrás das borboletas mas não
as apanhasse pois elas tinham uma missão a cumprir e se as apanhasse
ficavam tristes e morriam.
Um
dia perceberá o porque das minhas palavras talvez até, atravéz
desta historia de vida que aqui acabo de contar.
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