Foi
o fogo, um inferno que deixou muitas famílias desesperadas sem casa
nem sustento.
Eu
andava por estradas e caminhos a fugir dele, apenas ouvíamos “esta´”
encerrado este caminho. Perguntávamos qual a solução para
chegarmos a Viseu, minguem sabia, uns fugiam por um lado outros
baralhados ficaram estáticos no vale de Penacova.
Ainda
estava muito fresco o que acontecera em Pedrogão Grande, receamos
que pudesse acontecer o mesmo a tantos carros a autocarros que ali
estavam parados juntos uns aos outros.
Voltamos
para trás para Coimbra tentando Mealhada, IC2 até Albergaria Velha
A25. Estava fechada há meia hora ,desviamos para Sever do Vouga,
mais m75 km, depois Covelo por caminhos municipais N333-3 mais quase
30Km.
Mas
as estradas ladeadas de pinheiros e terrenos por limpar, com curvas e
contracurvas que assustavam, até que após a tentativa de 65km andar
por tudo que é caminho e já desesperados resolvemos regressar a
Sever do Vouga e dormir por lá.(já havíamos feito 165km inglórios
Eram
já uma da manhã, como eu todos os que andavam a tentar chegar ao
Porto ou Viseu.
Procuramos
onde dormir, estava tudo cheio por aqueles que se anteciparam a nós.
Minha
filha dirige-se à GNR pedindo ajuda ou indicando caminho para de lá
sair ou onde pudéssemos dormir.
Simpaticamente
indicaram-nos uma Residencial meio fora do centro de Sever do Vouga,
onde nos abriu a porta uma senhora já de idade que mesmo apesar de
ser tão tarde se prontificou inclusive aquecer-nos rojões que tinha
sobrado do jantar.
Numa
mesa do restaurante da Residencial colocou-nos para comer, pão,
queijo, pastelinhos de bacalhau, os rojões,leite etc além de fruta.
Meu
Deus cansados nem fome tínhamos mas fomos agradecendo a todos os
santos ainda haver gente boa neste mundo.
Um
quarto triplo, limpissimo com a roupa da cama e atoalhados imaculado,
foi cair nela e descansar.
O
Canto da Coruja era o nome da Residencial, a dona chama-se
Irene.
Não
poderia passar ser nomear aqui quem nos valeu no meio daquele
inferno.
Muito
obrigada D. Irene, pela sua disponibilidade e simpatia, toda a sorte
do mundo para si.
No
regresso fomos vendo muita gente que passara a noite no carro.
Vinha
de Lisboa de onde tinha saído às cinco da tarde para chegar no dia
seguinte às 11 horas da manha.
Não
há quem castigue estes incendiários que aos poucos vão matando
Portugal, e as suas gentes.
O
interior já estava deserto, apenas idosos esquecidos que arrastando
os seus velhos ossos, cultivavam a sua horta para se alimentar,
cuidava dos seus animais que morreram queimados, as casas ainda de
pedra certamente onde o frio já entrava pelas frestas das pedras,
agora nem isso têm.
Estão
na rua, o Inverno está á porta que Deus os ajude e os homens os não
esqueçam pois não tem solução para a vida.
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