Há
muitos, muitos anos ,lá para os lados de umas terras africanas a qual
poderei chamar a minha terra, havia muitas crianças brincando pelas
ruas da cidade.
Deliciava-me
olhar da minha varanda e ouvir os gritinhos e gargalhadas deles a
correr e a brincar.
Uma
das coisas com as quais me deliciava, era ver os carrinhos de arame feitos de desperdícios, tais como arames e latas de refrigerantes fazendo corridas rua abaixo com uma ligação as
mãos para os conduzir.
Eram
verdadeiros artistas, aproveitavam tudo, desde arames que moldavam o
carro ate as rodas com tampos de refrigerantes ou apara mais estilo
usavam os topos das latas de coca cola.
Outro
dia eram os aros de rodas das bicicletas,que com um pequeno artefacto
manual os guiavam para onde criam.
Tinham
uma energia fantástica e após passarem por mim e dizer “bom dia
senhora” me parecia que mais “gincanas faziam”.
Eram
tantas as invenções que os levava a viver uma vida ao ar livre,
vestidas apenas de “cabdula” , muitas vezes encardidas e rasgadas,
mas não fazia mal era por se sentarem em qualquer lado numa sombra
onde faziam a meta ou descansavam aproveitando para afinar as
maquinas.
Tinham
umas caritas de reguilas como qualquer outra criança do mundo, e
sentiam-se felizes.
Um
dia reparei que ficava sempre para trás um pequenote com um carrinho
feito toscamente e de cara sempre triste.
No
dia seguinte, arranjei um daqueles carros de entre os meus brinquedos
arrumados a um canto, vermelho “five star”, e dei-lhe na
esperança de que ele gostasse e ganhasse a tal corrida.aqueles
olhitos duplicaram de tamanho, parou de imediato a brincadeira e
todos o rodearam para apreciar tal “preciosidade” que nunca lhe
tinha passado pelas mãos.
No
dia seguinte na corrida levava o mesmo carro de sempre, ao que
perguntei a razão de não armar em fino com o carro que lhe havia
dado, respondendo:
Xi
senhora, é bonito demais para estas corridas, ficou em casa
escondido para eu brincar sozinho e não estragar.
Agora, os outros meninos, deixaram de dizer o bom dia ao passar por
minha casa deixou-me encabulada, tinha que pensar como havia de resolver o problema-
Fui
ao mercado e comprei um saco de suites, daqueles as riscas vermelhas
e brancas e passei a dar um quando eles passavam.
Já
o sorriso e a saudação regressaram e por debaixo de uma acácia
frondosa que tínhamos mesmo ao virar da nossa rua, passou a ser o
ponto de paragem para que saboreassem o suite e depois lá´ seguiam
como bandos de xiricos cantantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário