foto da internet
Que fizeram de ti meu rio?
Cortaram-te as forças la para os lados de Cahora Bassa,
prenderam-te as águas que corriam livremente em leito largo e volumoso.
Contigo levavas tudo, os peixes os crocodilos os restos de mato
que limpavas ao passar, e já perto das cidades como que dizendo adeus as populações
abrandavas um pouco.
Via-te numa grande extensão mas onde te apreciava mais era na
zona do jardim Alfandega.
Bem no local onde antigamente atracava a canhoneira, havia
lateralmente umas escadas e bastas vezes me sentava, ora para te ver ora para
namorar.
O local era lindo e aprazível, talvez do fresco que trazias, e as
gentes que deixavas cruzar de uma margem para outra.
No início os velhos batelões depois os mais modernos.
O velho Lino que arrumava os carros naquele espaço pequeno que
mais parecia cair ao rio.
As barcaças dos pescadores e o barcos a motor que cruzavam as
tuas águas levando gentes da terra.
Como me recordo das almadias que logo de madrugada saiam á pesca
trazendo o pende amarrado aos molhos com uma “cambala”, e vendiam-no tão
fresquinho.
Verdade é que de quando em vez por maroteira empurravas para lá
do percurso estipulado por eles, o que lhes davas um grande susto.
Quando preguiçavas deixavas que aparecessem os bancos de areia
que quase dava para se passar a pé até a ilha do Canhimbe.
E era nas tuas margens que na época assentou arraias um bar bem
animado “o bar do China”, onde a tardinha se estendiam nas cadeiras em amena
conversa de cerveja gelada na mão e petiscos na mesa.
E caia o sol, muitos se estendiam pela noite fora.
Mas tudo isto enquanto tu deixavas, porque bastas vezes
estendeste os teus braços e tudo levaste.
Mas agora, passa triste, já não chegas a mãe d’agua nem a beira
do cais do jardim.
Pobre Zambeze parece tão triste!
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