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O homem de D.Emilia,
de estatura baixa e forte com uma barriguinha proeminente vestia cabedulas de
caqui e camisa branca quase sempre apertada apenas com um botão pois o clima
assim o obrigava.
Na cabeça um velho
capacete que lhe dera um amigo quando da sua chegada a África dizendo que por
ser forrado a cortiça era mais fresco para os dias que iria enfrentar futuramente.
Nos pés uns
sapatos leves que noutros tempos havia sido de uma cor definida e da qual já pouco se via mas que não tirava dos pés com a desculpa que esses não lhe davam cabo
dos calos. As meias, essas chegavam aos joelhos sempre o protegiam da micaias e
outros capins que lhe roçavam as pernas quando caminhava pelos matos.
Afastado da casa
havia plantado um pomar de laranjas e maças, um campo de legumes e outras
leguminosas que consumia em casa e vendia na loja.
Os molhos de
couve atados com uma “cambala” bem como o feijão seco tinha saída pois era a
base da alimentação das gentes locais.
Fosse por que razão
fosse, era um motivo válido para sair pela manhã acompanhado dum trabalhador de
casa e caminhar uns bons quilómetros por carreiros de terra batida, até á
machamba.
Por ali se
entretinha até a hora do almoço, quando o calor apertava e a hora do almoço chegava.
Á quarta-feira
não o fazia, ficava a espreita quando qualquer ruído que lhe parecesse ser de
carro o fazia sair até a varanda perscrutando o horizonte na esperança de ver
chegar a carreira.
Vinha de Tete,
conduzida pelo velho Matos, trazia gente levava carga e mais importante era
portador do correio, dos jornais e das novidades da cidade.
Uma paragem
pequena porque o caminho era longo, mas havia sempre uma refeição ou um bom
petisco a sua espera.
Em frente a loja
havia uma enorme mangueira onde se amontoavam as gentes com seus “catundos”,
cabritos e cangarras de galinhas que o ajudante arrumava no tejadilho e o
transportava para um qualquer destino.
Um dia sentiu-se mal,
fosse da algo que comeu fosse do que fosse não se levantou pela manha. D.Emilia
parca em recurso médicos, agarrou-se aos chás curativos que sempre funcionaram,
mas desta vez tal não acontecia.
Na manha seguinte
pediu ao Jose que trabalhava há muito lá em casa que pegasse na ginga e fosse
em busca de ajuda ao posto medico.
Era o pior que
poderia acontecer a quem vivia nas cantinas por aqueles matos, numa emergência
pedia-se a ajuda algum cantineiro próximo e a espera nem sempre corria bem.
E assim
aconteceu, foi tarde e inesperadamente D.Emilia fica viúva.
Apesar do
desgosto, manteve-se à frente da vida, gerindo a cantina e a vida como antes havia
acontecido.
Regressar estava
fora de questão, ainda trazia na memória as dificuldades da vida que deixara em
Portugal.
Passou a ser a conhecida
como a cantina da viúva, e a vida continuou mais solitária ainda, e contando
sempre com a amizade das gentes das cantinas vizinhas e o respeito das gentes
locais.
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