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Muita gente se admira com a morosidade de
se efectuar o funeral de alguém em AFRICA.
Recordo os batuques daquelas terras longínquas,
quando pela noite rasgavam o silêncio.
Gritos lancinantes abadados pelas cadências
dos tambores e o gesticular dos braços e o bater dos pés no chão que rodopiavam
em redor da fogueira.
Escorria-lhes o suor pelos peitos que
pendiam caídos cobertos de pó que se ia levantando pelo patinhar no batuque.
E toda a noite corria a dor nas veias e no
corpo, enquanto rodava a caneca do pombe ou outra bebida alcoólica que lhes
turvava a cabeça.
Já pela manha, o som foi-se esvaindo,
apenas a porta da palhota onde jazia o morto, ainda havia gente sentada
chorando baixinho, talvez pelo cansaço da noite ou pelas lagrimas esgotadas.
Dali sairia numa tarimba de paus, o corpo
enrolado numa capulana, em direcção ao buraco que havia sido aberto junto a
arvora dos espíritos num local que se dizia santo.
Findo o funeral antes mesmo de o descansar
dos acontecimentos, ali se sentavam os parentes para decidir dos bens do
falecido e da mulher que ficara viúva.
Pouco ou nada fora deixado mas como responsáveis
ali estavam para cumprir ou fazer cumprir os seus costumes.
Á morte do marido há as cerimonia para a
união entre o irmão do falecido e a viúva.
Restantes bens passam para seu herdeiros
neste caso, filhos e irmãos mais novos.
As cerimónias são presididas pelo
curandeiro e as mulheres mais velhas da família.
Levam semanas com muitas regras e proibições
até que se libertem de todas para que não haja maldições a cair no futuro.
Afinal as gentes evoluem e estudam, ficam
doutores mas quando morrem apesar de não darem nas vistas a base do luto é a
mesma, cerimonias dias e dias até que considerem que o morto poderá descansar
em paz.
Africa no seu todo!
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