O cansaço já começa a tomar conta de nós, são muitas as horas de viagem e muitas as emoções, mas uma hora mais e chegaremos ao destino, Tete.
Andar á noite haviam-nos avisado que poderia ser perigoso mas nada havia a fazer senão seguir em frente, dormir no carro não seria opção melhor e a partir de Vila Pery as opções de pernoita não eram nenhumas.
Desviamos a atenção para os macacos que atravessam a estrada, e aquele por do sol que nos enche a alma.
Começa a imaginação a funcionar, e se conseguíssemos ver leões e gazelas, seria uma surpresa.
Aqui novamente recordo as noites em que ia com meu pai á caça, tantas horas a caminhar por aquele mato fora, lanterna na cabeça, arma na mão e dava para escolher o que se queria abater. Caçava-se por subsistência ou desporto mas controlado, apenas uma ou duas peças de caça que iriam encher a geleiras de todos, patrões e pessoal.
Mas não, estava tudo deserto, como acontece em África quando a noite manda que recolham a casa.
A paisagem também mudou, desapareceram as arvores que marcavam as silhuetas escuras nas fotos do por do sol, apenas o capim seco e as malambeiras.
Fomos andando, como que adivinhando o caminho, demos conta de passar o desvio para o Songo, para a Caroeira e no escuro da noite vimos ainda as casas que eram o Retiro da Saudade, a fábrica nova de tabaco recentemente ali construída.
Estávamos perto, estranhamos a entrada na cidade que já não era pela avenida principal, onde havia há anos um nicho com a imagem de N.Senhora como que dando as boas vindas a quem chegava.
Agora a entrada era pela “circular externa” da cidade.
Uma sensação de retorno a casa foi-se apoderando de nós, avistamos a ponte, o velho Sporting etc.
Havíamos marcado dormida no velho Hotel Zambeze agora recuperado de um período de total abandono.
Chegamos á cidade que nos vira nascer, por ai ficamos mais dias, afinal há toda uma vida para recordar.
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